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Deolane Bezerra é presa em operação contra lavagem de dinheiro e prática de jogos ilegais; bloqueio de bens chega a R$ 2,1 bilhões

Empresária e influencer foi presa no Recife. Ao todo, foram expedidos 19 mandados de prisão em 5 estados.

04/09/2024 às 12h07 Atualizada em 04/09/2024 às 12h36
Por: Redação Fonte: G1
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Imagem mostra Deolane Bezerra na delegacia — Foto: Divulgação TV Jornal / SBT Recife
Imagem mostra Deolane Bezerra na delegacia — Foto: Divulgação TV Jornal / SBT Recife

A empresária, advogada e influenciadora digital Deolane Bezerra foi presa em uma operação da Polícia Civil de Pernambuco contra uma organização criminosa voltada à prática de lavagem de dinheiro e jogos ilegais. A prisão aconteceu na manhã desta quarta-feira (4), no Recife. Até a última atualização desta reportagem, a polícia não havia detalhado como funcionava o esquema criminoso.

A prisão de Deolane foi confirmada à TV Globo pela Polícia Civil de Pernambuco. Ela foi capturada num hotel no bairro de São José, na região Central da cidade. De acordo com a corporação, a empresária foi levada para o Departamento de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Depatri), em Afogados, na Zona Oeste. A defesa da influencer ainda não havia se pronunciado até por volta de 10h30, mas a irmã dela disse que ela é inocente.

Uma das empresas que entraram na mira da operação é a plataforma de apostas online Esportes da Sorte, que patrocina times de futebol como o Corinthians, Athletico-PR, Bahia, Grêmio, Palmeiras, Ceará, Náutico e Santa Cruz. Em nota, a empresa disse ter compromisso com a verdade e com o cumprimento de seus deveres legais.

A casa de apostas Vai de Bet também foi alvo da investigação. Um helicóptero que, segundo a polícia, teria ligação com essa empresa chegou a ser apreendido em Campina Grande, no Agreste paraibano. A empresa tem sede em Curaçao, país do Caribe, e está no mercado desde setembro de 2022. José André da Rocha Neto, empresário por trás da Vai de Bet, não está no Brasil, e a defesa da plataforma de apostas informou que não vai comentar a investigação.

19 mandados de prisão

Segundo a Polícia Civil, as investigações da operação "Integration" foram iniciadas em abril de 2023. Além da prisão de Deolane Bezerra, também foram expedidos outros 18 mandados de prisão e 24 mandados de busca e apreensão no Recife, Campina Grande (PB), Barueri (SP), Cascavel (PR), Curitiba e Goiânia. Os nomes dos demais alvos não foram divulgados.

A Polícia Civil também informou que foi decretado o sequestro de bens como carros de luxo, imóveis, aeronaves e embarcações e bloqueio de ativos financeiros no valor de R$ 2,1 bilhões. No entanto, até a última atualização desta reportagem, não esclareceu a quem pertencia cada bem. Um carro foi apreendido na mansão de Deolane, em São Paulo.

A irmã de Deolane, Dayanne Bezerra, disse nas redes sociais que a mãe, Solange Bezerra, também foi presa. A mulher chegou a passar mal após a prisão e foi levada para o hospital.

Entrega de passaportes e suspensão de porte de arma

Como parte da operação, também foi determinada a entrega de passaporte, a suspensão do porte de arma de fogo e o cancelamento do registro de arma de fogo de investigados, determinada pela 12ª Vara Criminal da Comarca de Recife.

Num apartamento na Avenida Boa Viagem, região nobre do Recife, a polícia apreendeu joias e dinheiro de um empresário da casa de apostas online Esportes da Sorte, Darwin Henrique da Silva Filho.

O advogado Pedro Avelino, que representa o empresário, falou com a TV Globo e informou que Darwin está em viagem a trabalho e se colocou à disposição para prestar esclarecimentos (leia mais ao final da reportagem).

As investigações contaram com a colaboração da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol), da Diretoria de Operações Integradas e Inteligência (Diopi) da Polícia Civil de Pernambuco, da Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça e Segurança Pública (Senasp) e das polícias civis dos estados de São Paulo, Paraná, Paraíba e Goiás. Ao todo, 170 policiais estão envolvidos na operação.

Influenciadora já foi alvo de outra investigação

Deolane Bezerra em foto de arquivo — Foto: Marcelo Brandt/g1

Deolane Bezerra nasceu em Vitória de Santo Antão, na Zona da Mata do estado, mas mora na capital paulista desde criança. A influenciadora está em Pernambuco e na última publicação nas redes sociais mostrou a casa dos avós, em Vitória de Santo Antão, onde foi criada.

Em 2022, Deolane foi alvo de busca e apreensão pela Polícia Civil de São Paulo por suspeita de ter relação com a Betzord, empresa de apostas esportivas na internet. Na época, a Betzord era investigada por "crime contra a economia popular e associação criminosa".

Na época, sem citar a operação policial, Deolane Bezerra chegou a gravar um vídeo em sua rede social após a busca e apreensão em sua mansão, no qual dizia que haveria mais um "processo" e que nada de ilícito tinha sido encontrado em sua residência. Ela também confirmou que os agentes levaram computadores, celulares e dois veículos.

Em fevereiro deste ano, a Polícia Civil do Rio de Janeiro passou a investigar a relação da influenciadora com traficantes do Complexo da Maré, após ela postar vídeo em sua conta no Instagram com o cordão de ouro do chefe do tráfico da favela, Thiago da Silva Folly, o TH.  

Como justificativa, a advogada e influencer disse que posou com várias pessoas durante um baile funk e admitiu que tirou foto com cordão. A defesa de Deolane disse que a influenciadora achou que o objeto era uma homenagem à comunidade.

Em suas redes sociais Deolane ostenta uma vida de luxo, com viagens internacionais, carros, e empreendimentos como a própria marca de cosméticos.

Em março de 2024, a influenciadora comemorou a compra de uma casa em Orlando, nos Estados Unidos, que, segundo ela, era o 7º imóvel de propriedade dela. Quatro meses depois, publicou no mesmo perfil a compra da 12ª casa, também em Orlando.

O que disseram os citados

O escritório da advogada Adélia Soares, que defende Deolane e Solange, publicou uma nota nas redes sociais em que diz que a investigação é sigilosa e que a divulgação de detalhes específicos do processo "não só desrespeita o direito à privacidade da investigada, como também pode configurar violação de segredo de Justiça, sujeitando os responsáveis às devidas sanções legais".

"Ressaltamos que a Dr. Deolane Bezerra tem plena confiança na Justiça e permanece à disposição para colaborar com as autoridades competentes, de modo a esclarecer todos os fatos. Além disso, informamos que o corpo jurídico da Dra. Deolane já está tomando todas as providências cabíveis para garantir o respeito ao sigilo processual e para responsabilizar aqueles que, porventura, estejam divulgando informações inverídicas ou confidenciais de forma indevida", diz a nota.

Nas redes sociais, a irmã de Deolane, Dayanne Bezerra, disse que a irmã e a mãe são inocentes.

"Mais uma vez, venho aqui por minha cara a bater e falar que estamos sendo perseguidas. E que vamos provar a nossa inocência, custe o que custar. Espero que não venham especular e que não me perguntem nada. O que eu tinha para dizer, está dito aqui. E se eu tiver alguma atualização, eu venho falar, porque nós não temos vergonha e nós não devemos nada", disse a irmã.

Por meio de nota, a Esportes da Sorte informou que "ratifica seu compromisso com a verdade, com o jogo responsável e, principalmente, com o cumprimento de todos os seus deveres legais".

"A nossa casa está de portas abertas para apresentar documentos, esclarecer dúvidas e prestar apoio irrestrito a qualquer ação investigatória. Atuamos sempre com muita transparência e lamentamos o fato de, no momento, estarmos às escuras, sem acesso aos autos do inquérito e aos motivos da ação policial. Seguimos à disposição para todo tipo de esclarecimento que seja necessário para elucidar qualquer controvérsia", diz a nota.

O advogado do dono da Esportes da Sorte, Pedro Avelino, disse em entrevista que ainda precisa entender o contexto da operação.

Deolane Bezerra e mãe, Solange Bezerra — Foto: Reprodução

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