Nunca antes na história do PT de João Pessoa, e talvez de todo o Brasil, um resultado eleitoral numa disputa interna foi tão acachapante. O advogado Marcos Túlio Campos venceu Antônio Barbosa por 1.323 votos a 77.
O que explica resultado tão expressivo num partido dividido em várias correntes ideológicas e com tradição de brigas intensas?
Uma primeira observação é genérica: as disputas ideológicas estão esmaecendo dentro do PT. A necessidade de amplas alianças, inclusive com partidos de direita, para vencer as disputas nacionais também produz efeitos internos e existe um clima de maior composição entre as muitas alas partidárias. Ocorreu agora em João Pessoa.
A unidade em torno do nome do advogado Marcos Túlio também teria se dado por repúdio ou respostas ao processo de intervenção no diretório local, ao interventor (Antônio Barbosa) e a seus padrinhos Luís Couto (deputado federal) e Ricardo Coutinho (ex-governador).
Os confrontos de discurso nas redes sociais nos últimos dias antes das eleições revelaram essa realidade. Nos bastidores, alguns destacados militantes condenaram a submissão do interventor e candidato Antônio Barbosa ao ex-governador Ricardo Coutinho e ao ex-deputado Luís Couto.
Outro fio condutor da unidade em favor do advogado Marcos Túlio teria sido a ideia da candidatura própria a prefeito de João Pessoa, defendida por praticamente todas as correntes do partido e abraçada pelo candidato a presidente da legenda, que se comprometeu a defender a tese junto à direção nacional.
Militantes mais antigos destacam ainda a habilidade do candidato eleito. Marcos Túlio não radicaliza e prioriza o diálogo. Conseguiu, assim, costurar uma grande aliança em torno de seu nome.
E o que representa o resultado das eleições internas do PT em João Pessoa?
Os números indicam um evidente isolamento do ex-deputado Luís Couto e do ex-governador Ricardo Coutinho, renovação dos quadros dirigentes da legenda e consolidação da tese da candidatura própria.
Em relação ao processo de renovação, além da eleição de Marcos Túlio, o diretório terá em maior número a presença de militantes da segunda ou terceira gerações do que de fundadores do partido (sobraram alguns poucos).
No que diz respeito à candidatura própria, o deputado Luciano Cartaxo se saiu bem no processo de eleição interna. Sua corrente ideológica – Movimento PT – foi a mais votada e, além disso, ele tem conseguido atrair militantes históricos, que não veem outra alternativa dentro da legenda para uma candidatura a prefeito em 2024.
Esse é o quadro que será levado à Executiva nacional petista, que é quem decide sobre candidaturas nas capitais: um PT complemente renovado em João Pessoa. Em seus quadros dirigentes e na disposição de uma unidade nunca vista.
Por Josival Pereira / Portal T5
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