Médico da equipe que acompanha Jair Bolsonaro em Brasília, Leandro Echenique explicou na noite deste sábado a cirurgia que deve ser feita para desobstruir o intestino do ex-presidente. Após a entrada de Bolsonaro no DF Star, ao lado do senador Rogério Marinho (PL-RN), o profissional afirmou que espera resutados de exames para bater o martelo sobre a intervenção.
— É uma cirurgia aberta, que vai corrigir essa parte da obstrução das alças (intestinais). Vai tirar a tela que ele tem, recolocar, então vai ser feita (a desobstrução). Então é uma cirurgia bem extensa. Veja bem, é um abdome que já foi muito manipulado, desde 2018, quando ocorreu a facada.
O comunicado sobre a conduta médica deve ser feito na pŕopria manhã de domingo. Bolsonaro desembarcou na noite deste sábado em Brasília, após ser transferido do hospital Rio Grande de Natal.
— O presidente está em condições estáveis, foi um voo traquilo. Acabamos de avaliá-lo. Sem intercorrências. Houve uma melhora no quadro da dor. Ele está bem confortável — relatou Echenique, que acrescentou: — Mas isso não significa que houve melhora no quadro de obstrução intestinal. Nos demais aspectos, de pressão, cardíaca, está estável. Mas o quadro abdominal está mantido. Não houve melhora.
Já o senador Rogério Marinho afirmou que Bolsonaro estava bem-humorado após o voo e perguntou sobre o jogo do Palmeiras, que venceu o Corinthias por 2 a 0 pelo Brasileirão. Ele acrescentou que o ex-presidente está em contato permanente com os filhos e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Ao entrar na unidade de saúde de Brasília, Bolsonaro acenou para alguns apoiadores que rezavam pela sua recuperação.
A equipe médica responsável por acompanhar a saúde do ex-mandatário avalia realizar um procedimento para reverter a obstrução intestinal, decorrente de sequelas da facada no abdômen que o ex-capitão do Exército sofreu durante a campanha em 2018.
O ex-presidente participava na sexta-feira de manhã de um ato político no Rio Grande do Norte quando começou a sentir dor na região da barriga. Ele foi atendido às 11h15 num hospital na cidade de Santa Cruz, a 115 quilômetros da capital potiguar, e depois foi transferido para Natal. Segundo o boletim médico, Bolsonaro apresentava um quadro de distensão abdominal.
Ao avaliar a situação de saúde de Bolsonaro, a equipe médica ficou preocupada com indícios de piora no quadro de obstrução intestinal apresentado pelo ex-presidente, que, desde a facada, tem histórico de interrupção do trânsito no intestino que é controlado a partir de medicação.
— Da forma como ele chegou, bastante desidratado, [com] muita dor e distensão abdominal exuberante, dá para dizer com alguma segurança que esse foi o quadro mais exuberante em relação aos quadros anteriores que ele apresentou. Embora eu não tenha acompanhado presencialmente as outras ocasiões — afirmou em coletiva o médico Claudio Birolini, que acompanha o quadro clínico de Bolsonaro.
Com a situação de saúde de Bolsonaro é considerada complexa, segundo aliados do ex-presidente, houve uma decisão de transferir o ex-mandatário para outro hospital.
Alguns conselheiros queriam que ele fosse acompanhado em São Paulo pela equipe do médico Antonio Luiz Macedo, que monitora o estado de Bolsonaro desde a época da facada em 2018. Michelle Bolsonaro, porém, se opôs à ideia e optou por realizar a cirurgia em Brasília, sob os cuidados de Birolini, especialista em parede abdominal.
A decisão de Michelle dividiu opiniões entre aliados de Bolsonaro, que defendiam a transferência do ex-presidente para São Paulo, onde poderia ser operado por Macedo, que acompanha a situação de saúde do ex-presidente há seis anos.
Mais cedo, em post nas redes sociais, Bolsonaro não disse onde seria operado. “Em Brasília ou em São Paulo, após minha transferência, provavelmente passarei por uma nova cirurgia”, afirmou o ex-presidente.
Uma aeronave fretada foi reservada para transportar o ex-mandatário de Natal a Brasília.
Aliados do ex-presidente dizem que ele pode ser operado neste domingo na hora do almoço. Mais cedo, neste sábado, Marinho (PL-RN) já havia falado sobre a possibilidade de cirurgia e confirmou que Bolsonaro seria transportado em um avião.