O pastor Osório José Lopes Júnior, de 43 anos, estava escondido em um rancho e acompanhado de segurança particular no momento da prisão. Ele foi encontrado na zona rural de Sucupira, região sul do Tocantins. O suspeito era procurado pela Polícia Civil do Distrito Federal por suposto envolvimento em esquema que prometia lucros de 'um octilhão' de reais às vítimas.
Policiais civis do Tocantins, da 8ª Divisão de Combate ao Crime Organizado, o encontraram na tarde desta quinta-feira (21) em um rancho que seria da família do investigado pouco depois das 17h. O pastor não resistiu à prisão, que também não foi impedida pelo segurança.
Depois de prestar depoimento, Osório foi levado para Casa de Prisão Provisória de Gurupi, onde deve ficar à disposição da Justiça.
A operação do Distrito Federal foi deflagrada na manhã de quarta-feira (20) e as vítimas são do Brasil e até do exterior. A Polícia Civil aponta que o grupo movimentou R$ 156 milhões em 5 anos, além de criar 40 empresas "fantasmas" e movimentar mais de 800 contas bancárias suspeitas.
A defesa do pastor informou que ainda não teve acesso aos autos. Na quarta-feira (20), a defesa do chegou a afirmar que ele não tem nada a ver com as investigações contra o grupo e que Osório não sabia de nenhum mandado de prisão contra ele, pois "está viajando em lua de mel". (Veja nota na íntegra no final da reportagem)
O grupo criminoso é composto por 200 integrantes, incluindo dezenas de pastores. Dentro das igrejas, eles convenciam os fiéis a investir as economias em falsas operações financeiras ou projetos de ações humanitárias que não existiam. Para isso, se utilizavam de artifícios para que acreditassem que investindo estariam sendo "abençoados por Deus para receber grandes quantias".
O golpe financeiro era baseado em uma teoria conspiratória conhecida como "Nesara Gesara" e os suspeitos prometiam lucro de até um "octilhão" de reais aos fiéis.
Considerado foragido, Osório era procurado desde quarta-feira, quando a operação foi deflagrada. A Polícia Civil do Tocantins recebeu informações do DF de que havia a possibilidade dele estar escondido, a princípio, na cidade de Figuerópolis.
Nas buscas e trabalhos de campo, os policiais da Divisão de Combate ao Crime Organizado constataram que Osório estava em um rancho às margens do Rio Santa Teresa, na zona rural de Sucupira.
Depois da prisão e de ser ouvido pelo delegado da 12ª Central de Atendimento da Polícia Civil, em Gurupi, o pastor foi recolhido à Unidade Penal Regional local, e está à disposição do Poder Judiciário do Distrito Federal.
Osório é investigado pelos crimes de lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, sonegação fiscal e estelionatos praticados por meio cibernético.
Além de Osório, também foi presa nesta quinta-feira (21) Maria Aparecida Gomes Barbosa, 63 anos, pastora missionária suspeita de envolvimento no esquema. Ela foi localizada em Jaraguá do Sul, em Santa Catarina, na casa da filha.
Osório é acusado de aplicar golpes em fiéis de Goianésia, no centro de Goiás, e demais pessoas de vários estados do país, em 2018. À época, ele e outro pastor alegavam que haviam ganhado um título de R$ 1 bilhão, mas precisavam reunir fundos para conseguir recebê-lo.
Ainda em 2018, o homem chegou a ser preso, mas respondia ao processo em liberdade. A sentença ainda não foi proferida pela Justiça. Após ser liberado da prisão, Osório se mudou para São Paulo.
A investigação da Polícia Civil descobriu que o líder religioso chegou a arrecadar cerca de R$ 15 milhões com o golpe. Para uma das vítimas, prometeu repassar mais de R$ 2 quatrilhões.
O pastor Osório usava as redes sociais para anunciar o esquema. Ele tem um canal no YouTube com mais de 70 mil inscritos e cerca de 500 vídeos publicados. Nas pregações, pedia dinheiro para a "operação". Segundo ele, em alguns dias, todos receberiam "aquilo que era o de direito".
O líder religioso afirma que participa do chamado "Projeto Redenção", que teria sido criado aproximadamente em 1940, pelos Estados Unidos e na China. Em seguida, 209 países se uniram — incluindo o Brasil — para agregar bens de alto valor, como ouro, prata, diamante, pedras preciosas.
O que diz a defesa
Em nota, a defesa do pastor informou que ainda não teve acesso aos autos e que precisa ver o fundamento da decretação da prisão para depois requerer a revogação. Se for indeferida, irá impetrar um habeas corpus.
Na quarta-feira (20), a defesa do pastor afirmou que ele não tem nada a ver com as investigações contra o grupo e que Osório não sabia de nenhum mandado de prisão contra ele, pois "está viajando em lua de mel". Além disso, detalhou que desconhecia as acusações.
G1
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